Povo animado?! Nem sempre
Por Ivan Rodrigues
O mês do povo animado está aí, os canais de streaming entram na onda e tiram a bandeira colorida do armário. Basta abrir qualquer app e, pronto, o destaque está lá: um lote de séries, filmes e documentários que retratam a realidade LGBTQIAPN+ em diferentes contextos. Mas com tantas opções disponíveis, não é simples saber em qual delas vale a pena investir nossas preciosas horas de ocio. E como nem tudo são flores do lado de lá do arco-íris, segue uma seleção de três histórias densas, igualmente esclarecedoras, que contrapõem o lado queer da comunidade.
Sangue, sexo e romance
Era fim dos anos 1990 quando a HBO resolveu barbarizar com um festival de homens brutos, violentos e nús desfilando na TV todos os domingos à noite. OZ estreou em 1997 e ficou no ar até 2003. Ao retratar o dia a dia de uma penitenciária de segurança máxima, a série teve a coragem de mostrar como a homossexualidade está integrada ao ambiente prisional e à guerra entre gangues. Ao revelar as relações de abuso e poder construídas a partir do sexo, OZ também soube construir com maestria a relação de amor entre dois personagens — Tobias Beehcer e Chris Keller — num ambiente altamente violento. Vale a pena separar algumas boas horas para maratonar as seis temporadas desse clássico, disponível na Paramount+.
Anjo da morte
Clássico do teatro estadunidense, a peça Angels In America foi adaptada em 2003 para a TV também pela toda poderosa HBO, que a transformou numa minissérie de seis episódios. Com um elenco estratosférico que inclui Meryl Streep, Emma Thompson e Al Pacino, a história aborda a epidemia da AIDS em seus dias mais sombrios, em meados da década de 1980, durante o governo de Ronald Reagan nos Estados Unidos. Em meio aos conflitos políticos, sociais e científicos da época, a narrativa é cheia de metáforas e simbolismos muito bem costurados. Para conferir em pouco mais de 300 minutos na HBOMax.
Do outro lado do oceano
O câncer dos homossexuais, como a AIDS era popularmente chamada em seu aparecimento, é também retratado em It’s A Sin, outra minissérie, desta vez britânica, produzida pelo canal Channel 4 e disponível para streaming também na HBOMax. Com o vocalista da banda Years & Years, Olly Alexander, como protagonista, It’s A Sin é visceral e arranca lágrimas de verdade. O roteiro mostra como se deu a descoberta da homossexualidade entre jovens que viviam na Londres no começo dos anos 1980. Sozinhos, eles precisaram enfrentar um vírus desconhecido que o mundo todo fez questão de ignorar, inclusive suas próprias famílias.